Pular para o conteúdo principal

Bairro novo


Dizem que a mudança é algo que faz parte da vida, que é assim mesmo, mudamos, vamos para outras pessoas, somos outros lugares. Vim à um bairro novo, na cidade das memórias, me afastei do mar, da montanha e de tudo que me traga distração, existe um forte, apontando ao norte, uma base militar ou algo assim, pareço seguro, sempre sou inseguro.

De hora em hora, algum vulto conhecido passa pela janela, não sei bem se chamo ou deixo passar, o chão não é mais areia movediça, a cama não é mais pequena, o pé direito parece aquele dos adultos e o ar parece esfumaçado pelo seu suor.

Esta casa não é mais de certezas, bem menos uma prisão, parece até que escolhi vir aqui, os moveis parecem ser planos, as paredes esperança, e o alto dela vejo mais que o forte:O passado esta mais longe, um pouco mais longe. A bagagem é pesada, não há carros por aqui, uma ida e uma volta, uma imersão e uma subversão, passado e presente.  

Daqui não posso sentir a fumaça sufocante, sinto certa falta, é como um vício, um estranho costume de sofrer, de recusturar a pele com agulha em brasa. Todos os dias uma pilula de normalidade, ainda é anormal...

No esgoto não circula minha bílis, as estrelas não são desejos. A casa mais próxima se perdeu no tempo e tristeza e solidão parecem se esconder por lá. A morte me dá um mero olá distante e Mória se mantém no centro, buscando atenção. A fada perdeu o encanto e em mulher ordinária se tornou, fora daqui, a dona do mar, navegou com os ventos para outros pontos deste globo diverso. 

De mudança... talvez tenha até companhia.


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

O que sera real?

E tudo recomeça  Esta sensação que estou no lugar errado não cessa E talvez não deseje que pare Queria apenas que fosse real Até quando viverei no meu mundo de sonho Me corroendo entra pseudos Sem tocar o real Sem vivenciar o igual Mas parei de viver por aqui Decidi dedicar-me apenas a ti Teu sorriso representa minha vitória E estamos n’uma nova batalha pelo que vejo Só não entendo por que nunca tentei Tornar nosso sorriso multo-o alias nossa “multuosidade” em si Em algo real palpável Em forma de circulo Símbolo falido aos meus olhos, mas tão valorizado aos teus. Porque nunca tentei contemplar minha vida Com a única benção que ela me trouxe nos últimos séculos? Oque me deu n’aquele tempo? Oque esta aqui agora? Me jure que nunca percebeu... Às vezes desejaria mesmo que não Por que suas palavras secas não saem para mim Talvez bastasse apenas uma para cortar meu par de azas Mas talvez deseje me ver voar Assim como te fiz certa vez Talvez assim como eu até então Não veja o probl...

Desejo

O desejo é uma coisa traiçoeira vem sorrateiro, pé ante pé planta ideias, conceitos, pesares vem em sonho, forma de mulher Em cabelos enferrujados O desejo é uma coisa traiçoeira, na mesa do bar se coloca a beira olha os goles, espera que sejamos moles vem em sonho, forma de mulher Em cabelos enferrujados O desejo, ah o desejo, é traiçoeiro(...)

Ilusão

É engraçado como tecemos nosso mundo numa série de ilusões que encistem em nunca se dissolver… Mesmo sabendo que não possuímos a proeza da aranha, mesmo sabendo que a armadilha só prendera a você… É engraçado como nos desenhamos azas para tentar voar… Mesmo sabendo que não possuímos a proeza da ave, de planar entre sonhos que nunca vão me encontrar… É engraçado como construímos grandes muralhas de pó, para protegermos a nós mesmos de nós mesmos… Mesmos sabendo de algo que não se pode  fugir que a realidade continua a mesma, mesmo que nós a recriemos…. É engraçado como tentamos reinterpretar a história, ignorando completamente o dom da memória… Mesmo sabendo que as outras bocas não podemos mudar, e as palavras embaralhadas continuarão a se espalhar por toda escória… É engraçado como nunca somos oque somos… e somos oque nunca fomos… quando se aproxima a despedida…Mesmo sabendo que a imagem marcada não é a da partida …. É engraçado como com trancas tentamos trancar o...