Pular para o conteúdo principal

Mãe...

Sabe...
No fundo não te desculpo

Não é pela vida pobre
Não é pela sova farta
Não é pela mão firme

Nem mesmo pelo ciume desmedido
Nem mesmo pelo trabalho jovem
Nem mesmo pela inversão

Sabe...
No fundo não te desculpo

por não me deixar elaborar
por não me libertar
por não me emancipar

sabe...

Já estou velho para isso,
esta revolta adolescente nunca combinou comigo
boa praça, bonzinho
não faria mal nem mesmo ... ao vizinho

sabe...

estou farto, deste teu fardo
cuidar de tua doença, sem tua presença
ser tua cobaia, ter de ser de sua laia

sabe...

Não sei bem por que voltei aqui.

Mãe... no fundo não te perdoo


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

O topo

Eu escalei Escupi o mundo A minha imagem e semelhança Engoli o necessário... Me fiz assim... E mesmo assim, Me sinto sozinho Ninguém me olha, De certa forma Não como sou... Eu não mudei... Sou o mesmo merda de sempre Mas não o merda que acham que sou ... Sou um sabotador Um merda, Um nada... Pense assim: Nenhum parasita Se instala pedindo licença E eu sou o parasita Me encosto de canto, Entro via fumaça, Na sua respiração Sou louco o suficiente para estuda-la. Tudo isso é uma alucinação De um homem monstro Já disse, o álcool e outro eu... Uma coisa boa me aconteceu Não sei lidar, é claro, fudi com tudo... Afinal nunca quis ser feliz...

A árvore que não plantei

 Minha memória anda estranha Lembro de coisas que não sei bem se existiram Com o passado faço barganha Me apego a aquelas que ainda não me fugiram Lembro bem de uma árvore Aquela que nunca plantei  Aquela que não deu gritos  Nos caminhos que nunca andei Lembro do suor da terra E daquele cheiro úmido no ar Todo o céu sem um azul Um único olhar  Ah, o olhar Existem olhares que entram na alma ... Existe algum olhar que te acalma? O olhar que nunca ganhei Lembro bem de uma árvore Aquela que nunca plantei,  Que o fruto não colherei A árvore, tua árvore. Se bem que não existem jardins  na cidade das memórias
Resto Eu sou o resto Deixei a máscara cair Eu não presto Seu menos que Cain, Abel me veria subir Eu sou o vasculho, o resto de entulho, A parte que nada vale  Eu sou menos Getúlio Fascista, funcionário