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A cortina e o cinza



Sentei-me certa noite ao pé desta escada à lugar algum
Abaixo todos os medos contidos de, quem sabe, um futuro
Acima a impossibilidade de quem não sabe mais caminhar

A minha frente, tão próximo que posso até mesmo tocar...

Uma janela coberta pela cortina do novo...
Uma fuga, basta saltar
Mas a liberdade me afugenta
Só posso ver o cinza lá fora
E silhuetas olham para dentro
Tentam me ver
Mas me escondo

Queria tirar aquela cortina
Talvez fitar os olhos que me procuravam
Ver  qualquer outro olhar que não fosse meu
Uma voz além do meu pensar

Disso não podia murmurar
Pois uma sonata soava ao fundo

O frio aumentava
Notas tão profundas quanto à alma a me buscar
Tudo estava tão confuso
E eu atrás da cortina
Vivendo o cinza
Saboreando a fumaça de meus cigarros

E as silhuetas continuavam a passar 

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